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Dietas vegetarianas podem reduzir o risco para Alzheimer!


Quando pensamos nas doenças que as pessoas mais temem, o que vêm a cabeça é o câncer, mas o que a maioria realmente tem medo é o Alzheimer! Não tem nada mais triste que um final de vida debilitante, onde a pessoa perde suas memórias e, consequentemente, tudo aquilo que define sua personalidade.


O Alzheimer é a principal causa de demência na terceira idade. Sua prevalência vem aumentando muito nos últimos anos e tende a ser ainda maior nas próximas décadas (1). Muitos acreditam que fatores genéticos são determinantes no desenvolvimento dessa doença, mas o Alzheimer é causado predominantemente por fatores de risco como obesidade, sedentarismo e uma dieta inadequada (2).


A boa notícia é que você não está fardado a sofrer com essa doença! Evidências sugerem que uma dieta à base de vegetais pode reduzir de forma bem significativa o risco para Alzheimer, e é isso que vamos discutir nesse texto.


Como a nutrição pode ajudar no Alzheimer?


A nutrição tem papel fundamental na manutenção de funções cognitivas com o avançar da idade.  Padrões alimentares como a dieta mediterrânea e a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) têm se mostrado eficazes na prevenção de doenças neurodegenerativas (3).


O que esses padrões dietéticos têm em comum é a predominância de alimentos de origem vegetal e a restrição de produtos de origem animal, levando ao entendimento de que uma dieta à base de vegetais pode reduzir o risco para Alzheimer. Estudos recentes têm discutido os benéficos de uma dieta vegana na prevenção dessa doença, e os resultados são bem promissores (4).


Consumo de frutas e vegetais


Diversas meta-análises concluem que o consumo regular de frutas e vegetais reduz o risco para demência e retarda o declínio cognitivo em idosos (5-7). Da mesma forma, um baixo consumo desses alimentos é associado com um maior risco para doenças neurodegenerativas (8).


Vegetarianos, especialmente veganos, têm um maior consumo de frutas e vegetais (9), e isso pode contribuir na prevenção do Alzheimer.


Reduções na inflamação


Processos inflamatórios iniciam o desenvolvimento de doenças cognitivas. O Alzheimer tem origem na deposição de peptídeos beta-amiloides, que se acumulam, predominantemente, devido à inflamação (10). 


Dietas vegetarianas parecem reduzir de forma bem significativa marcadores inflamatórios (11,12), potencialmente, prevenindo o desenvolvimento de distúrbios cognitivos.


Alterações favoráveis na microbiota intestinal


É bem estabelecido que vegetarianos e veganos apresentam alterações favoráveis na microbiota intestinal. Estudos observam uma maior contagem de bactérias benéficas, e reduções em bactérias nocivas naqueles que seguem uma alimentação à base de vegetais (13).


Inúmeras evidências sugerem que a microbiota intestinal tem implicações importantes no desenvolvimento de doenças como o Alzheimer (14). Distúrbios na microbiota intestinal podem promover ativação do sistema imune, respostas inflamatórias, agregação de peptídeos beta-amiloides e resistência à insulina (15).


Reduções no TMAO


O N-óxido de trimetilamina (TMAO) é um metabólito produzido pela microbiota intestinal que parece ter implicações no desenvolvimento de diversas doenças, incluindo o Alzheimer. O acúmulo de beta-amilóide e da proteína Tau (que também tem implicações no Alzheimer), pode ser amplificado pela maior produção de TMAO em indivíduos que consomem carne regularmente.


Estudos observam que elevados níveis plasmáticos de TMAO são associados com processos neurodegenerativos que têm implicações na patogênese do Alzheimer (16). Esse é um metabólito produzido predominantemente pelo consumo de alimentos de origem animal, estudos, de fato, observam reduções bem expressivas em vegetarianos, especialmente em veganos (17).


Outros fatores de risco


O desenvolvimento de outras doenças, como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, são fatores de risco para Alzheimer (4). Todas essas condições podem ser minimizadas com uma dieta vegana.


É muito bem estabelecido que uma alimentação à base de vegetais reduz o risco para hipertensão (18), diabetes (19), obesidade (20) e doenças cardiovasculares (21). Isso é justificado pelo maior consumo de fibras, gorduras poli-insaturadas e fitoquímicos (22). 


Conclusões e dicas


Ao contrário das crenças populares, o Alzheimer não é causado exclusivamente por fatores genéticos. Na verdade, o desenvolvimento dessa doença tem origem em outros fatores de risco, especialmente uma dieta inadequada.


Diante do exposto, espero que tenha ficado claro que uma dieta vegana pode reduzir o risco para essa doença, enquanto o consumo de alimentos de origem animal, especialmente a carne vermelha, pode aumentar o risco.


Dicas:


  • Se você tem histórico de Alzheimer na família, considere uma dieta à base de vegetais;

  • Evite, ou até exclua, os alimentos de origem animal da sua dieta;

  • Tenha uma alimentação equilibrada, rica em frutas e vegetais;

  • Na dúvida, busque um nutricionista para te ajudar!

 


 

Conteúdo por: Cláudio Bender | Nutricionista | CRN: 1726


Referências:


1.Nichols, E., Steinmetz, J. D., Vollset, S. E., Fukutaki, K., Chalek, J., Abd-Allah, F., ... & Liu, X. (2022). Estimation of the global prevalence of dementia in 2019 and forecasted prevalence in 2050: an analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. The Lancet Public Health, 7(2), e105-e125.


2.Samadi, M., Moradi, S., Moradinazar, M., Mostafai, R., & Pasdar, Y. (2019). Dietary pattern in relation to the risk of Alzheimer’s disease: a systematic review. Neurological Sciences, 40, 2031-2043.


3.Van den Brink, A. C., Brouwer-Brolsma, E. M., Berendsen, A. A., & van de Rest, O. (2019). The Mediterranean, Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH), and Mediterranean-DASH Intervention for Neurodegenerative Delay (MIND) diets are associated with less cognitive decline and a lower risk of Alzheimer's disease—a review. Advances in Nutrition, 10(6), 1040-1065.


4.Katonova, A., Sheardova, K., Amlerova, J., Angelucci, F., & Hort, J. (2022). Effect of a Vegan Diet on Alzheimer’s Disease. International journal of molecular sciences, 23(23), 14924.

5.Zhou, Y., Wang, J., Cao, L., Shi, M., Liu, H., Zhao, Y., & Xia, Y. (2022). Fruit and vegetable consumption and cognitive disorders in older adults: A meta-analysis of observational studies. Frontiers in nutrition, 9, 871061.


6.Loef, M., & Walach, H. (2012). Fruit, vegetables and prevention of cognitive decline or dementia: a systematic review of cohort studies. The journal of nutrition, health & aging, 16, 626-630.


7.Jiang, X., Huang, J., Song, D., Deng, R., Wei, J., & Zhang, Z. (2017). Increased consumption of fruit and vegetables is related to a reduced risk of cognitive impairment and dementia: Meta-analysis. Frontiers in aging neuroscience, 9, 18.


8.Fieldhouse, J. L., Doorduijn, A. S., de Leeuw, F. A., Verhaar, B. J., Koene, T., Wesselman, L. M., ... & van der Flier, W. M. (2020). A suboptimal diet is associated with poorer cognition: The NUDAD project. Nutrients, 12(3), 703.


9.Clarys, P., Deriemaeker, P., Huybrechts, I., Hebbelinck, M., & Mullie, P. (2013). Dietary pattern analysis: a comparison between matched vegetarian and omnivorous subjects. Nutrition journal, 12(1), 1-6.


10.Su, C., Zhao, K., Xia, H., & Xu, Y. (2019). Peripheral inflammatory biomarkers in Alzheimer's disease and mild cognitive impairment: a systematic review and meta‐analysis. Psychogeriatrics, 19(4), 300-309.


11.Craddock, J. C., Neale, E. P., Peoples, G. E., & Probst, Y. C. (2019). Vegetarian-based dietary patterns and their relation with inflammatory and immune biomarkers: a systematic review and meta-analysis. Advances in Nutrition, 10(3), 433-451.


12.Menzel, J., Jabakhanji, A., Biemann, R., Mai, K., Abraham, K., & Weikert, C. (2020). Systematic review and meta-analysis of the associations of vegan and vegetarian diets with inflammatory biomarkers. Scientific reports, 10(1), 1-11.


13.Sakkas, H., Bozidis, P., Touzios, C., Kolios, D., Athanasiou, G., Athanasopoulou, E., ... & Gartzonika, C. (2020). Nutritional status and the influence of the vegan diet on the gut microbiota and human health. Medicina, 56(2), 88.


14.Bairamian, D., Sha, S., Rolhion, N., Sokol, H., Dorothée, G., Lemere, C. A., & Krantic, S. (2022). Microbiota in neuroinflammation and synaptic dysfunction: a focus on Alzheimer’s disease. Molecular neurodegeneration, 17(1), 1-23.


15.Liu, S., Gao, J., Zhu, M., Liu, K., & Zhang, H. L. (2020). Gut microbiota and dysbiosis in Alzheimer’s disease: implications for pathogenesis and treatment. Molecular neurobiology, 57, 5026-5043.


16.Vogt, N. M., Romano, K. A., Darst, B. F., Engelman, C. D., Johnson, S. C., Carlsson, C. M., ... & Rey, F. E. (2018). The gut microbiota-derived metabolite trimethylamine N-oxide is elevated in Alzheimer’s disease. Alzheimer's research & therapy, 10, 1-8.


17.Lombardo, M., Aulisa, G., Marcon, D., & Rizzo, G. (2022). The influence of animal-or plant-based diets on blood and urine trimethylamine-N-oxide (TMAO) levels in humans. Current Nutrition Reports, 11(1), 56-68.


18.Lee, K. W., Loh, H. C., Ching, S. M., Devaraj, N. K., & Hoo, F. K. (2020). Effects of vegetarian diets on blood pressure lowering: a systematic review with meta-analysis and trial sequential analysis. Nutrients, 12(6), 1604.


19.Chiu, T. H. T., Pan, W. H., Lin, M. N., & Lin, C. L. Vegetarian diet, change in dietary patterns, and diabetes risk: a prospective study. Nutr Diabetes. 2018; 8: 12.


20.Najjar, R. S., & Feresin, R. G. (2019). Plant-based diets in the reduction of body fat: physiological effects and biochemical insights. Nutrients, 11(11), 2712.


21.Dybvik, J. S., Svendsen, M., & Aune, D. (2023). Vegetarian and vegan diets and the risk of cardiovascular disease, ischemic heart disease and stroke: a systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. European journal of nutrition, 62(1), 51-69.


22.Neufingerl, N., & Eilander, A. (2021). Nutrient intake and status in adults consuming plant-based diets compared to meat-eaters: A systematic review. Nutrients, 14(1), 29.

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