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Gorduras de origem animal podem causar câncer!


O desenvolvimento de câncer é causado por múltiplos fatores, entre eles, a dieta. É bem estabelecido que alimentos de origem animal aumentam o risco, enquanto vegetais exercem efeitos protetores.


As gorduras merecem destaque, devido a implicações importantes na patogênese do câncer. Estudos apontam que gorduras saturadas parecem aumentar o risco, enquanto gorduras insaturadas exercem efeitos protetores.




Por que gorduras podem causar câncer?


Gorduras geram uma série de respostas que podem contribuir para o desenvolvimento de câncer. Uma dieta rica em gorduras, especialmente as de origem animal, promove disbiose intestinal, obesidade, inflamação e estresse oxidativo (1).


O consumo excessivo de gorduras saturadas altera a microbiota intestinal, levando a multiplicação de bactérias nocivas e ativação do sistema imune, implicando na produção de citocinas pró-inflamatórias como o TNF-α e a IL-6 (1).


Gorduras de origem animal também induzem a produção de trimetilamina por bactérias intestinais, sendo convertida no fígado em N-óxido de trimetilamina (TMAO), composto conhecido por causar câncer (1).


Estudos indicam que gorduras saturadas parecem causar câncer


Gorduras saturadas são associadas com uma maior taxa de mortalidade e uma maior incidência de câncer. Um estudo prospectivo, que incluiu mais de 521 mil participantes, acompanhados por 16 anos observou que o consumo de gorduras saturadas aumentou a mortalidade por câncer (2). Gorduras saturadas também são foram associadas com um maior risco de câncer de mama em um estudo com mais de 519 mil participantes (3).


E quanto as gorduras saturadas de origem vegetal?


Algumas das respostas observadas com gorduras de origem animal também podem ocorrer com gorduras saturadas de origem vegetal, logo, algumas gorduras vegetais também podem ser nocivas.

A questão é que raramente encontramos quantidades relevantes de gorduras saturadas em alimentos de origem vegetal, exceto no óleo de coco e palma. Dietas vegetarianas e veganas tendem a ser pobres em gorduras, e a maior parte é insaturada.


Gorduras de origem vegetal reduzem o risco para câncer!


Enquanto as gorduras de origem animal contribuem para o desenvolvimento de câncer, as gorduras vegetais exercem efeitos protetores!


Uma meta-análise observou que o consumo de azeite de oliva é associado com reduções no risco para todos os tipos de câncer (4). Outra meta-análise, conclui que o consumo de gorduras insaturadas de origem vegetal reduz o risco para essa doença (5).

Estudos ainda esclarecem que o consumo regular de castanhas (ricas em gorduras) parece reduzir o risco para câncer, fato atribuído a presença de antioxidantes, fotoquímicos e fibras (6).


Ômega 3 e ômega 6


Ômega 3 e 6 são gorduras poliinsaturadas que devem ser incluídas em qualquer dieta, porque são essenciais! Porém, o excesso de ômega 6 parece aumentar o risco para câncer, enquanto o ômega 3 reduz.


O ômega 6 parece aumentar a produção de radicais livres e reduzir a capacidade antioxidante celular, contribuído então para o desenvolvimento de câncer. Estudos em animais sugerem que dietas ricas em ômega 6, de fato, induzem a proliferação de tumores (7).


Por outro lado, o consumo de ômega 3 parece reduzir o risco para câncer. Estudos em humanos observam reduções no risco para câncer de mama em dietas com alto teor de ômega 3 (8). O DHA é considerado o principal responsável pela atividade anticancerígena do ômega 3, devido a modulações na angiogênese, alterações na resposta imune e controle da inflamação (9). Estudos em animais observam que o óleo de linhaça, rico em ALA (uma fonte vegetal de ômega 3), inibe o desenvolvimento de câncer de próstata (10).


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Conclusões e dicas


Células cancerígenas apresentam inúmeras alterações morfológicas que otimizam a captação e utilização de nutrientes, incluindo gorduras. De fato, o consumo de algumas gorduras parece ter implicação no desenvolvimento de câncer, logo, o controle na ingesta desse nutriente, assim como as formas de consumo e tipos, pode ter impactos importantes nessa doença.


Dicas:

  • Evite o consumo de gorduras saturadas, especialmente aquelas de origem animal;

  • Prefira gorduras insaturadas de origem vegetal;

  • Tenha atenção com o excesso de ômega 6;

  • Garanta um consumo adequado de ômega 3;

  • Na dúvida, busque um nutricionista para te ajudar!



 

Conteúdo por: Cláudio Bender | Nutricionista | CRN: 17268


Referências:


1.Bojková, B., Winklewski, P. J., & Wszedybyl-Winklewska, M. (2020). Dietary fat and cancer—which is good, which is bad, and the body of evidence. International journal of molecular sciences, 21(11), 4114.

2.Zhuang, P., Zhang, Y., He, W., Chen, X., Chen, J., He, L., ... & Jiao, J. (2019). Dietary fats in relation to total and cause-specific mortality in a prospective cohort of 521 120 individuals with 16 years of follow-up. Circulation research, 124(5), 757-768.

3.Gonzalez, C. A., & Riboli, E. (2010). Diet and cancer prevention: Contributions from the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC) study. European journal of cancer, 46(14), 2555-2562.

4.Psaltopoulou, T., Kosti, R. I., Haidopoulos, D., Dimopoulos, M., & Panagiotakos, D. B. (2011). Olive oil intake is inversely related to cancer prevalence: a systematic review and a meta-analysis of 13800 patients and 23340 controls in 19 observational studies. Lipids in health and disease, 10, 1-16.


5.Liss, M. A., Al-Bayati, O., Gelfond, J., Goros, M., Ullevig, S., DiGiovanni, J., ... & Thompson, I. M. (2019). Higher baseline dietary fat and fatty acid intake is associated with increased risk of incident prostate cancer in the SABOR study. Prostate cancer and prostatic diseases, 22(2), 244-251.

6.Lee, J., Shin, A., Oh, J. H., & Kim, J. (2018). The relationship between nut intake and risk of colorectal cancer: a case control study. Nutrition journal, 17(1), 1-10.

7.Lee, H. C., Liang, A., Lin, Y. H., Guo, Y. R., & Huang, S. Y. (2018). Low dietary n-6/n-3 polyunsaturated fatty acid ratio prevents induced oral carcinoma in a hamster pouch model. Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids, 136, 67-75.

8.Nindrea, R. D., Aryandono, T., Lazuardi, L., & Dwiprahasto, I. (2019). Association of dietary intake ratio of n-3/n-6 polyunsaturated fatty acids with breast cancer risk in Western and Asian countries: A meta-analysis. Asian Pacific journal of cancer prevention: APJCP, 20(5), 1321.

9.Serini, S., Ottes Vasconcelos, R., Fasano, E., & Calviello, G. (2016). Epigenetic regulation of gene expression and M2 macrophage polarization as new potential omega-3 polyunsaturated fatty acid targets in colon inflammation and cancer. Expert Opinion on Therapeutic Targets, 20(7), 843-858.


10.Li, J., Gu, Z., Pan, Y., Wang, S., Chen, H., Zhang, H., ... & Chen, Y. Q. (2017). Dietary supplementation of α-linolenic acid induced conversion of n-3 LCPUFAs and reduced prostate cancer growth in a mouse model. Lipids in Health and Disease, 16, 1-9.

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