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Veganos têm um maior risco de fragilidade na velhice?


A fragilidade é uma das condições que mais preocupam na terceira idade. Caracterizada por comprometimento físico, perda de peso, indisposição e perda de massa muscular, essa condição afeta cerca de 20% dos idosos no Brasil (1).


É bem definido que o consumo de proteína é dos fatores mais determinantes para prevenir a fragilidade em idosos (2), levando ao entendimento de que uma dieta vegana poderia agravar o risco para essa condição.


Porém, estudos observam que uma dieta vegana parece reduzir o risco para sarcopenia e fragilidade! Nesse texto, nós vamos discutir os estudos, esclarecendo melhor essa questão.


Uma dieta vegana não aumenta o risco de fragilidade em idosos!


É verdade que alguns nutrientes ficam limitados em uma dieta à base de vegetais, incluindo as vitaminas D e B12, e a proteína, que têm implicações importantes no risco de fragilidade em idosos (2).


Apesar disso, dietas vegetarianas parecem reduzir o risco para fragilidade. Um estudo recente que acompanhou mais de 85 mil mulheres observou que o consumo de proteínas vegetais reduziu o risco para essa condição, enquanto as proteínas de origem animal foram associadas com um maior risco (3).


Um dos melhores estudos nessa temática, acompanho 82 mil mulheres e também observou um menor risco para fragilidade naquelas que seguiam uma dieta vegana (4). Nesse estudo eles estratificaram os grupos conforme a qualidade da dieta, onde aquelas que seguiam uma dieta vegana de alta qualidade (rica em frutas, vegetais e grãos integrais) tiveram um risco 37% menor para fragilidade, enquanto as mulheres que tinham uma dieta vegana de baixa qualidade (rica em alimentos processados) tiveram um risco 13% maior. 


O mais interessante é que as mulheres que consumiam produtos de origem animal tiveram um risco 27% mais elevado para essa condição! Ou seja, mesmo uma dieta vegana de “baixa qualidade” parece ser superior à dieta onívora tradicional (já que o risco foi 13% maior em comparação aos 27% das participantes que consumiam carne).


Outro estudo recente observou que substituir carnes processadas por castanhas e leguminosas reduz o risco para fragilidade em 26% e 13%, respectivamente (5). Os resultados desses estudos mostram que uma dieta vegana não representa um maior risco de fragilidade em idosos, ao contrário, parece reduzir o risco!


O que explica esses resultados?


Embora uma dieta vegana limite a oferta de proteína e algumas vitaminas importantes, esse tipo de dieta também representa um maior consumo de fibras e alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que nos protegem da fragilidade na terceira idade.


É bem estabelecido que o consumo regular de frutas e vegetais reduz o risco para sarcopenia e fraturas ósseas na terceira idade (6-8). Dietas vegetarianas são associadas com reduções em parâmetros inflamatórios (9,10), enquanto alimentos de origem animal parecem causar inflamação e são associados com um maior risco para fragilidade (11). Além disso, um maior consumo de antioxidantes (também observado em veganos) é associado com um menor risco para essa condição (6).


Quanto ao consumo de proteína, é bem estabelecido que vegetarianos e veganos não sofrem com deficiência desse macronutriente. Uma dieta a base de vegetais equilibrada e variada tende a fornecer quantidades bem satisfatórias de proteína, quase sempre excedendo a necessidade diária (12). Quer saber mais sobre como adequar uma dieta vegetariana? Clique aqui!


Conclusões de dicas


Apesar das crenças e mitos, estudos sugerem que dietas vegetarianas não promovem um maior risco de fragilidade em idosos! Ao que tudo indica, esse tipo de dieta parece, na verdade, reduzir o risco. Discussões à parte, uma coisa é certa, você definitivamente não precisa de produtos de origem animal para ter saúde na terceira idade!


Dicas:


  • Se você é idoso ou está preocupado com a fragilidade na terceira idade, considere uma dieta vegetariana;

  • Prefira alimentos de alta qualidade, como frutas, vegetais e grãos integrais;

  • Inclua também boas fontes vegetais de proteína na sua dieta;

  • Evite alimentos industrializados;

  • Em alguns casos, a suplementação com proteína pode ser necessária;

  • Sempre faça suplementação com vitamina B12 e D, ou consuma alimentos fortificados;

  • Na dúvida, busque um nutricionista para te ajudar!



 

Conteúdo por: Cláudio Bender | Nutricionista | CRN: 17268


Referências:


1.Saldanha, M. F., Moraes, E. N. D., Santos, R. R. D., & Jansen, A. K. (2022). Incidência de fragilidade e fatores associados à piora funcional na pessoa idosa longeva durante pandemia da covid-19: Estudo de Coorte. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 25.


2.Lorenzo-López, L., Maseda, A., de Labra, C., Regueiro-Folgueira, L., Rodríguez-Villamil, J. L., & Millán-Calenti, J. C. (2017). Nutritional determinants of frailty in older adults: A systematic review. BMC geriatrics, 17, 1-13.


3.Struijk, E. A., Fung, T. T., Rodríguez‐Artalejo, F., Bischoff‐Ferrari, H. A., Hu, F. B., Willett, W. C., & Lopez‐Garcia, E. (2022). Protein intake and risk of frailty among older women in the Nurses' Health Study. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, 13(3), 1752-1761.


4.Sotos‐Prieto, M., Struijk, E. A., Fung, T. T., Rodríguez‐Artalejo, F., Willett, W. C., Hu, F. B., & Lopez‐Garcia, E. (2022). Association between the quality of plant‐based diets and risk of frailty. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, 13(6), 2854-2862.


5.Struijk, E. A., Fung, T. T., Sotos‐Prieto, M., Rodriguez‐Artalejo, F., Willett, W. C., Hu, F. B., & Lopez‐Garcia, E. (2022). Red meat consumption and risk of frailty in older women. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, 13(1), 210-219.


6.Fung, T. T., Struijk, E. A., Rodriguez-Artalejo, F., Willett, W. C., & Lopez-Garcia, E. (2020). Fruit and vegetable intake and risk of frailty in women 60 years old or older. The American Journal of Clinical Nutrition, 112(6), 1540-1546.


7.Kim, J., Lee, Y., Kye, S., Chung, Y. S., & Kim, K. M. (2015). Association of vegetables and fruits consumption with sarcopenia in older adults: the Fourth Korea National Health and Nutrition Examination Survey. Age and ageing, 44(1), 96-102.


8.Wallace, T. C., Bailey, R. L., Blumberg, J. B., Burton-Freeman, B., Chen, C. O., Crowe-White, K. M., ... & Wang, D. D. (2020). Fruits, vegetables, and health: A comprehensive narrative, umbrella review of the science and recommendations for enhanced public policy to improve intake. Critical reviews in food science and nutrition, 60(13), 2174-2211.


9.Craddock, J. C., Neale, E. P., Peoples, G. E., & Probst, Y. C. (2019). Vegetarian-based dietary patterns and their relation with inflammatory and immune biomarkers: a systematic review and meta-analysis. Advances in Nutrition, 10(3), 433-451.


10.Menzel, J., Jabakhanji, A., Biemann, R., Mai, K., Abraham, K., & Weikert, C. (2020). Systematic review and meta-analysis of the associations of vegan and vegetarian diets with inflammatory biomarkers. Scientific reports, 10(1), 1-11.


11.Struijk, E. A., Rodriguez-Artalejo, F., Fung, T. T., Willett, W. C., Hu, F. B., & Lopez-Garcia, E. (2020). Sweetened beverages and risk of frailty among older women in the Nurses’ Health Study: a cohort study. PLoS Medicine, 17(12), e1003453.


12.Mariotti, F., & Gardner, C. D. (2019). Dietary protein and amino acids in vegetarian diets—A review. Nutrients, 11(11), 2661.

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